domingo, 31 de outubro de 2010

Talentos da Comunicação: Educação financeira é para todos

Talentos da Comunicação: Educação financeira é para todos

Educação financeira é para todos


A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) promoveu o Congresso Latino-Americano de Educação Financeira, dias 21 e 22 de outubro, em São Paulo. O evento reuniu especialistas para contar suas experiências na implantação de programas de educação financeira em seus respectivos países.
A questão da educação financeira vem recebendo especial atenção por parte da sociedade, daqueles que promovem o crédito como um produto, ou por parte das entidades sem fins lucrativos, no estimulo à prática da educação como uma forma de manter as pessoas preparadas para lidar com o dinheiro de maneira programada e segura.
No Brasil, a educação financeira já foi implantada no currículo de algumas escolas do ensino fundamental e médio, nos estados de São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. São 400 escolas, 59 mil jovens sendo preparados para lidar com as finanças e assegurar um futuro econômico compatível com sua realidade.
Os especialistas alertam que o programa de educação financeira é de suma importância para a preservação da própria família, visto que o fácil acesso ao crédito pode virar uma bola de neve quando os gastos não são controlados, ou mesmo quando o dinheiro tomado não tem o pagamento devidamente planejado, ocasionando inadimplência e restrição a novos créditos. Assim, as sociedades devidamente preparadas para lidar com tais situações podem desfrutar de um plano de vida mais saudável e menos arriscado.
Dentro do plano de educação financeira ainda existe um paradigma a ser quebrado, no qual persiste a crença de que o tema só é importante para quem tem muito dinheiro; entretanto, é justamente o contrário, a importância maior é para quem tem pouco ou quase nada.
Na Espanha, o programa piloto começou há cinco anos e só agora demonstra dar resultados. O programa é constituído do tripé: ação cognitiva, ética e parte técnica. Assim, as pessoas conseguem trabalhar a questão do ponto de vista pessoal, social e desfruta de ferramentas que auxiliam no dia a dia do gerenciamento financeiro.
Para Maria Elena Azevedo, diretora de Responsabilidade Social da Associação Bancária do Panamá, o mais importante é que o programa possa ter o apoio e envolvimento de empresários, governo e sociedade. A estimativa é de que eles consigam formar 4.200 jovens panamenhos.
Aqui no Brasil, mesmo distante dos holofotes, o programa é tocado por algumas iniciativas como a do Instituto Unibanco que, desde 1982, leva o programa às escolas de ensino médio. Segundo Vanderson Berbat, coordenador nacional do projeto, “o retorno não é financeiro, é social”. Ele diz que isto é um fato porque cerca de 100 mil jovens brasileiros morrem por ano em consequência de causas denominadas externas – relativas, na maioria, à violência. Estudos demonstram que o resultado disso tem como uma das causas principais a questão da educação financeira, pois muitas vezes, os apelos ao consumo entorpecem e seduzem os menos desfavorecidos, resultando em práticas de delitos ou ações marginais.
Mas também fica fácil de entender que o próprio mercado financeiro, ao preservar seu maior ativo, os clientes, garante a galinha dos ovos de ouro por toda a sua existência. Com isso, uma ação de Responsabilidade Social pode estar de mãos dadas com um belo plano de seguridade de investimento. O mais importante é que está sendo bom para todos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Quanto mais simples melhor

Neste começo de mês perdemos um dos maiores ícones do samba paulistano, faleceu Seu Nenê, o fundador da escola de samba mais tradicional de São Paulo, a Nenê de Vila Matilde.
Eu tive a honra e o privilégio de conviver com a vizinhança desse grande homem, e ainda mais, ter sido assessor de imprensa da Nenê, no aniversário de 50 anos da escola. Foi nesta oportunidade que realizei mais de oito horas de entrevistas com o baluarte. Mas aquilo que deveria ser apenas fonte de captação para escrever uma publicação especial sobre o cinqüentenário da agremiação, tornou-se uma verdadeira aula sobre a evolução do samba paulistano, e nas entrelinhas, uma fonte segura de que a boa comunicação se faz com muita simplicidade.
Seu Nenê fazia questão de situar nossa conversa no tempo e no espaço. Uma verdadeira viagem pelo mundo do samba. Mais do que contar, ele fazia questão de ilustrar a história com apontamentos e detalhes que transportavam os ouvintes para o momento e o local daquele discurso. E para completar, com uma desenvoltura nata, fazia os ritmos e as batidas de cada instrumento das épocas narradas, aperfeiçoando ainda mais nosso entendimento acerca da história.
A maneira como conduzia o dia a dia da Escola seria um curso integral de Administração para as melhores universidades do mundo. Ali era possível ver o funcionamento de uma empresa e todos os seus departamentos com um envolvimento sobrenatural dos participantes – fato que nenhuma organização pública ou privada tenha alcançado em todos os tempos. O respeito geral por aquele homem também chamava a atenção. Não era aquele tipo de respeito que ao dobrar a esquina fala-se mal e diz todo tipo de impropério como de costume com os chefes das grandes empresas. Era um respeito pela sabedoria, pelo feito de um líder, era um respeito verdadeiro.
A maneira como Seu Nenê conduziu a transferência do bastão para seu filho e sucessor, Alberto Alves da Silva Filho, o Betinho, também poderia ser alvo de estudo nas escolas de Administração, pois foi madura, sem contraposições, exemplar.
Sempre presente na vida da Escola, Seu Nenê era um líder nato. Tinha uma desenvoltura para a comunicação como poucos poderão alcançar mesmo freqüentando as melhores escolas do planeta. Suas mensagens não tinham intermediários e nem sofriam com os obstáculos das barreiras. Era tudo feito de maneira direta, eficaz.
Enfim, a homenagem é para um homem que fez de seu legado mais do que uma simples passagem por essas terras paulistanas. É o retrato de quem sempre teve compromisso com a vida, com seus pares, com sua comunidade – na qual o samba sempre teve passagem.