terça-feira, 14 de março de 2017

Como a gratidão pode controlar a ansiedade




* Márcia Luz

Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgada em fevereiro mostrou que o Brasil é campeão mundial no índice deansiedade, com 9,3% da população atingida. Essa disfunção engloba várias outras, como ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias e estresse pós-traumático. As mulheres são as que mais sentem as consequências: 7,7% delas são ansiosas, contra 3,6% dos homens.
Poucos sabem, mas a ansiedade pode ser atenuada com uma prática simples: a gratidão. O ato de agradecer leva a mente da pessoa ao momento presente e evita que ela sofra por decisões passadas ou incertezas futuras. A gratidão nos faz viver o agora, seja agradecendo pelo café da manhã, por um bom dia que recebemos ou por um sorriso. Agradecemos pelo que mais de maravilhoso ocorreu no nosso dia e, seguindo essa linha positiva, ficamos esperando por mais coisas boas.
A ansiedade é justamente o oposto disso. Ela nos faz sofrer por coisas que estão lá na frente, que podem ou não acontecer e que te fazem ter medo do que ninguém sabe. É um vírus que entra pelo corpo e, sem o devido cuidado, estabelece raízes cada vez mais profundas, um constante ciclo de sofrimento que ninguém controla. É hora de refletir se sentir-se dessa forma vale a pena. Afinal, por que sofrer pelo que não se sabe? Isso é injusto com nós mesmos.
Coloque seus pensamentos no presente, no aqui, no agora. Pergunte-se: eu mereço sofrer dessa forma por algo que eu nem sei qual será o resultado? Mereço me sentir angustiado assim? Agradeça por ter a oportunidade de fazer algo que tanto queria em vez de se esconder debaixo das cobertas. A ansiedade deve nos dar aquele prazer em passar pelas situações por simplesmente estar ali, tentando com todas as nossas forças, e não nos afetar de tal maneira que nos condene a evitar situações mais difíceis. Afinal, momentos que exigem mais de nós sempre existirão.
Toda mudança precisa de um começo e tudo pode mudar se nós quisermos, basta começar agora. Confira algumas dicas para controlar a ansiedade:
  • Saia da zona de conforto: vá àquela feirinha de domingo. Passeie. Vá ao parque. Comece um livro. Não precisa ser nada luxuoso, apenas faça algo que te tire da rotina e te faça expandir os horizontes;
  • Organize-se: a ansiedade muitas vezes surge por termos uma grande quantidade de atividades para fazer. Então, evite transtornos, pare de procrastinar e coloque na agenda as tarefas mais importantes e que precisam da sua atenção com urgências;
  • Foque no presente: isso é um exercício diário. Planejar é, sim, muito importante, mas comece a pensar no dia de hoje, faça com qualidade e deixe pra se preocupar com o amanhã quando ele chegar;
  • Agradeça: seja grato por hoje e por ter a chance de poder se testar e fazer coisas novas;
  • Mude de atitude: trabalhe sua autoestima e pense positivo. Quanto mais energia boa você atrair, mais confiante se sentirá.

* Márcia Luz é psicóloga, professora, coach, autora do livro “A gratidão transforma” e realizadora do 1º Congresso Mundial da Gratidão (Comgratidão), que reuniu 40 mil participantes em 2016. Mais informações em www.marcialuz.com e www.facebook.com/marcialuz.fanpage

domingo, 12 de março de 2017

Do simples ao complexo: a vida de uma empresa


João um dia resolveu abrir um negócio; não seria mais funcionário e conduziria sua vida com sua própria cabeça. Comprou um carrinho, fez a decoração, colocou um vistoso cartaz e começou a produzir hot-dog com seu jeito peculiar. Ah, claro, deu um nome que pudesse olhar todos os dias e sentir-se orgulhoso: Jonhny’s Dog.
Você deve ter percebido que mesmo querendo apenas vender os seus hot-dogs, João teve que estabelecer um local para apresentação de seu produto; investir no design; criar propaganda; estabelecer fluxo de produção; investir em marketing; adotar ações para as vendas; e ainda aprender a lidar com finanças e com os clientes. Estamos falando de um singelo negócio que tinha apenas como objetivo inicial: vender hot-dog.
A verdade é que nenhuma empresa nasce para ser social; a empresa nasce para vender.
Ao longo de sua trajetória, as empresas vão incorporando outras tarefas peculiares às necessidades que vão se apresentando. Depois que se monta a estrutura básica, descobre-se que o negócio precisa ter um grupo funcional integrado, seguro, contente e proativo para que os resultados aconteçam. Logo à frente, vai descobrir que a empresa é um organismo vivo em meio à sociedade e que, por isso, precisa dar sua parcela de contribuição para que essa mesma sociedade se torne melhor, afinal, é dali que a empresa extrai a sua sobrevivência.
As empresas têm aprendido ao longo dos anos que a evolução organizacional é uma constante. Não existe um modelo que se fixe no tempo e sirva para o todo sempre. É preciso se adaptar às épocas, buscar o contentamento do público consumidor e, sempre que possível, superar as expectativas.
Dentro dessa ótica é necessário abrir parênteses para o melhor entendimento do ser humano. Aquele mesmo que vai ser crucial para alcançar as metas e objetivos traçados. Aquele mesmo ser que será essencial para fazer com que o público consumidor se familiarize com os produtos, desperte o interesse e consuma. Aquele mesmo ser que garantirá a existência da organização por longos anos.
É nesse estágio de evolução que a empresa percebe que não está mais fazendo produtos e nem vendendo commodities, ela está criando e celebrando emoções, vivências; ela está definitivamente lidando com a vida.
As pessoas compram produtos por necessidades e compram marcas por sentimentos complexos que vão desde a simples familiaridade com o jeito de pensar até uma explosão de sentidos em relação ao que busca conquistar na vida. É por isso, que as empresas estão cada vez  mais abrindo as portas do entendimento para o neuromarketing, a fim de entender as demandas cognitivas e como satisfazer e superar as expectativas de ávidos consumidores.

Aos profissionais de comunicação cabe o desafio de antever esses princípios, estabelecer a ponte de entendimento daquilo que não é tangível para o campo econômico e pavimentar o caminho que leva as empresas até esse novo modelo de relação com o mercado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Como utilizar o Big Data para auxiliar na tomada de decisão

Por Eduardo Santos*

Cada vez mais se discute o uso do big data para melhorar o processo de tomada de decisões nas empresas, em especial nos departamentos de marketing, todavia ainda são poucas as empresas no Brasil que efetivamente utilizam este recurso e, menos ainda, agências criando campanhas baseadas em dados. Vamos apontar aqui alguns passos de como começar a utilizar o big data para a tomada de decisões estratégicas. Antes de começar um projeto, é importante entender o processo de tomada de decisão, que em geral passa por 5 passos:



Se estamos interessados em trabalhar no topo da pirâmide, precisamos entender como transformar dados em informação.

Hoje existem iniciativas de uso do big data e de inteligência artificial em todas essas etapas, porém ainda é imprescindível a presença de um ser humano validando e complementando esses algoritmos. Em resumo, ainda é imprescindível uma análise humana dos dados para que seja possível juntar a lógica com a emoção, afinal estamos comunicando para pessoas e não para máquinas.

Alguns casos recentes que demonstram isso, aconteceram com gigantes como o Facebook, que dispensou a equipe que fazia a curadoria de conteúdo do Trending e no primeiro dia em que as máquinas assumiram a sessão, várias notícias falsas e bizarras acabaram ganhando destaque. Outro case foi o da Amazon com a série Alpha House que, mesmo usando o big data para escolha do tema mais desejado pelos telespectadores, falhou em pontos importantes que fizeram o concorrente, também desenvolvido a partir de análises baseadas em dados, House of Cards, da Netflix, despontar como uma das melhores séries da atualidade.

Por conta destes exemplos, é possível concluir que usar dados públicos presentes na internet combinados com dados presentes dentro das empresas, após serem processados, é uma ferramenta valiosíssima, mas de nada adianta essa iniciativa ser realizada sem um processo bem definido, uma cultura analítica que passa pelo entendimento dos dados, assim como pelo entendimento humano e comportamental. Só por meio desse filtro é possível chegar ao desenvolvimento de um produto realmente eficiente para o seu público.

Ou seja, ao se transformar dados estruturados e não estruturados em informação pode-se empoderar pessoas para tomarem decisões mais assertivas, encontrar tendências, clusters de clientes e muito mais. Porém, para as empresas, o mais importante não é ter a informação em mãos e sim criar a cultura de tomada de decisão baseada em dados, a cultura de transformar informação em conhecimento, ou seja: criar uma cultura data-driven na empresa.

Para tentar exemplificar como ações simples podem gerar essa cultura, podemos dar o exemplo de um trabalho desenvolvido pela ED Interactive junto a um de seus clientes, a D-Link, fabricante de roteadores. Depois de analisar um problema logístico dos clientes que procuravam pelos roteadores no site da empresa, foi desenvolvida uma ferramenta no seu site, na página de cada produto que mostra “Onde comprar”. Ali, o produto em questão e somente os varejos que possuem estoque naquele exato momento serão exibidos. Com os dados gerados nessa ferramenta, o fabricante consegue mostrar para os varejistas quanto poderiam ter vendido a mais se tivessem aquele produto em estoque, prever tendências de compras e definir melhor o perfil de consumidor. Assim, tais dados servem tanto para a marca, para avaliar seus parceiros de vendas e fomentar novas negociações, quanto para seus clientes, que tem a informação precisa para efetuar a compra no momento de sua necessidade. Esse trabalho foi desenvolvido com base em uma simples análise de navegação do site, cruzando com dados de vendas de produtos. Como resultado, os novos dados gerados já deram início a alguns outros projetos junto à empresa.

Após essa descrição de cases, é possível concluir que, para se criar uma cultura data-driven, uma empresa deve focar em alguns pontos: 
1)      Compartilhamento de informação, relatórios de vendas, clientes, distribuição e cadastros de CRM (todos os departamentos que tem acesso a uma dessas informações devem ter acesso as demais também, afinal ninguém consegue montar um quebra cabeça com uma peça só). 
2)      Co-criação de indicadores chave de desempenho (KPIs) bem definidos e que atendam à empresa como um todo, ao mesmo tempo em que atende os departamentos individualmente (todos que tomam decisões para seus departamentos devem juntos definir os KPIs da empresa e juntos perseguir a melhora destes números, pois só assim vão entender o quanto um número pode influenciar o outro). 
3)      Criar testes AB que consigam tirar possíveis dúvidas ao longo do processo de decisão (testes sobre as mesmas condições de “temperatura e pressão” garantem um resultado comprovado pelos clientes e não por percepções infundadas). Um bom exemplo é criar comunicações ligeiramente diferentes e entender qual performa melhor, isso pode significar que se uma frase ou uma imagem for testada, você saberá qual tem maior impacto em seus clientes. 
4)      Entender a jornada do consumidor de seus produtos e serviços (existem inúmeras ferramentas que podem ajudar nesse processo, mas o mais importante é entender quais são os momentos em que o consumidor entra em contato com a marca e o quão perto da decisão de compra ele está em cada momento, só assim é possível definir o ROI). 
5)      Tomar decisões baseadas nos dados e não mais no feeling individual ou do grupo. Para isso existem dinâmicas que podem ser usadas. Lembrar que por mais que os números estejam presentes, normalmente existe mais de uma forma de comunicar uma mesma mensagem, então, a criatividade continua sendo sua melhor arma, só que agora com uma assertividade maior. 

*Eduardo Santos é diretor da agência ED Interactive. Ao lado dos sócios Fábio Lima e Célio Oliveira, está à frente de projetos de marketing e publicidade utilizando big data, marketing digital e business inteligence para clientes de todo o Brasil e internacionais, sempre tendo como guia o lema da agência: Think Digital. Act Real. www.edinteractive.cc