quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Oba! A classe C invadiu a praia

Dentre os bons temas discutidos no MediaOn 2011 – Seminário Internacional de Jornalismo, realizado de 22 a 24 de novembro, pelo Instituto Cultural Itaú e o Portal Terra, em São Paulo, teve como um dos destaques a palestra de Renato Meirelles, sócio e diretor do Data Popular. Dados coletados em pesquisa apontam que a classe C é responsável por quase 60% de participação nas redes sociais.
“Você que largou o Orkut porque a classe C entrou, se prepare! Eles chegaram ao Facebook!”, diz Renato, destacando a força da nova massa popular, que já responde por 53,9% da população brasileira, 56% da internet e 50% dos usuários de banda larga. Enfim: a maioria.
Cabe aos profissionais de mercado, saber analisar o novo modelo apresentado, planejar e criar ações específicas para atender à demanda. Isto tem relação com todos os segmentos. No de comunicação, em particular, é preciso aprender a ler as entrelinhas e projetar os caminhos que deverão ser trilhados, principalmente, nos próximos dez anos, quando o mercado será ainda maior.
A verdade é que as redes sociais trouxeram um novo patamar de relacionamento para empresas e consumidores. Hoje, uma pessoa que compra um determinado produto e sente-se prejudicado de alguma maneira, imediatamente recorre ao painel das redes sociais para depositar sua reclamação; em questão de minutos o bolo cresce e atinge proporções muitas vezes inimagináveis. As empresas já descobriram isso; as mais sensíveis têm criado grupos de trabalho para aferição e análise das redes sociais, assim se mantêm em sintonia constante com tudo o que acontece e atingem diretamente a marca e seus produtos, fazendo com que as ações sejam quase que imediatas para sanar dúvidas e mal-entendido; promover a troca de produtos; contornar situações delicadas; enfim, salvaguardar e promover o bom nome da instituição.
Com o passar do tempo, as empresas também aprenderão que esse manancial de informações e conhecimentos das ferramentas, dos internautas e das novas possibilidades de relacionamento via redes sociais será uma ótima oportunidade para maior conectividade, poder de ofertas e relacionamento social. Dentro desse novo panorama, é possível apostar que cada bairro merecerá uma análise minuciosa, a fim de se obter raios-X completo sobre a possibilidade máxima de comunicação e interatividade com os grupos sociais. Assim, será mais fácil planejar adequadamente e com maior eficácia as campanhas publicitárias, as promoções de vendas, as ações de marketing bairro a bairro, as campanhas políticas, o aumento de sócio-torcedores nos clubes, e tudo o que requer entendimento sobre a participação da população.
Portanto, cada vez mais teremos a necessidade de integração da cátedra de comunicação à filosofia, antropologia, sociologia, psicologia, entre outras ciências, para melhor aproveitamento e entendimento das pessoas e de sua dinâmica de relacionamento. Estamos apenas na ponta do iceberg; muito ainda deverá ser feito ao longo desse vasto caminho.

sábado, 29 de outubro de 2011

Talento à flor da pele


Uma canção ou uma oração? É difícil distinguir a melodia poética de Oswaldo Montenegro de uma invocação a Deus. Se numa rápida busca de significado à oração, podemos encontrar: “levantar a alma ao Senhor”, então porque não dizer que o velho trovador entoa nos palcos uma das mais belas orações que o homem pode proferir?
Dia 27 de outubro, comemoração dos 14 anos do Shopping Tatuapé, Oswaldo Montenegro foi o presente para o público. A empatia com pessoas de diferentes faixas etárias revela que o profissional talentoso ultrapassa a barreira do tempo e impõe sua generosidade artística em qualquer época. Entre risos e choros, aplausos no início e ao término de cada canção, Montenegro munido apenas de violão e teclado, acompanhado pela flautista Madalena Salles, parceira profissional há mais de 30 anos, entoou músicas do seu vasto repertório de 35 anos de carreira, incluindo os sucessos mais recentes.
O que mais chama a atenção no show do menestrel da música brasileira, não se configura apenas na qualidade de suas letras e melodias, mas no elo de comunicação que se estabelece entre seu repertório e o público. Existe propriedade em cada verso. Existe poesia em cada acorde. Existe o que enobrece a boa música: magia.
O próximo lançamento, o disco “De Passagem”, chega às lojas em novembro, com o sucesso “Eu quero ser feliz agora”, o qual você poderá ouvir aqui, ou se preferir, feche os olhos e faça a oração com ele.


terça-feira, 12 de abril de 2011

Jaime Lerner e uma nova forma de ver as cidades


O 5º Prêmio SAE de Jornalismo, realizado dia 4 de abril, no Hotel Intercontinental, em São Paulo, contou com um palestrante especial, Jaime Lerner. O ex-prefeito de Curitiba apresentou o tema A Mobilidade nos Grandes Centros Urbanos, demonstrando como é possível criar e adaptar novas situações à realidade de cada cidade.
Os projetos mostrados são carregados de criatividade, com o intuito de melhorar a vida em comum da população, o aproveitamento de espaço urbano e de agregar valor à condição de vida local. Lerner apresentou um projeto para São Paulo, fruto de quatro anos de estudos realizados na região da Cracolândia (centro da capital), porém, foi engavetado. Políticas à parte, a verdade é que cada vez mais as grandes cidades precisam de boas ideias para gerar melhores condições de vida aos habitantes. Os chefes políticos têm a obrigação e o compromisso de pensar a cidade no presente e no futuro, planejando obras que resultem em melhor qualidade de vida para os cidadãos.
O processo de sustentabilidade é outro fator importante para o pensamento de remodelação dos espaços metropolitanos. É necessário identificar as carências da população sob o ponto de vista de mobilidade através das malhas viárias, nas pessoas que vivem no entorno dessas vias, e do próprio transporte utilizado para o tráfego. Mas não é apenas pensar e criar soluções, é preciso também o esforço na implantação dos novos projetos para que tudo não fique apenas no papel.
A preocupação com uma cidade como São Paulo deve ser do tamanho da própria megalópole. Não se pode apenas intitular publicitariamente como Cidade Limpa, se no calar da noite a “sujeira” vem à tona. É preciso reinventar o local onde moramos, desde a região central até os bairros periféricos, partindo de uma visão local para uma representação global. Fica a dicotomia de como processar tal transformação. O certo é que precisamos de uma visão de especialistas para cada situação. Não é possível a obtenção de soluções plurais apenas sob a ótica política, é necessário abrir espaço para que os grandes profissionais de cada setor apresentem novas soluções.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Nasce um novo modelo de capitalismo?


O primeiro dia da WebExpoForum, realizada no Centro de Convenções Frei Caneca, de 16 a 18 de março, em São Paulo, trouxe à tona todo o potencial dos negócios e da própria evolução da sociedade frente às possibilidades da internet.
O palestrante Gil Giardelli, CEO da Gaia Creative e coordenador de curso da ESPM, aposta que tudo o que está acontecendo hoje ainda é incipiente frente às centenas de possibilidades ainda vindouras. Os usuários da internet descobriram que podem obter algo mais do que simplesmente teclar com amigos, ouvir músicas e assistir vídeos. As pessoas estão descobrindo que podem se manifestar isoladamente e em grupos na busca de seus interesses, sejam eles de ordem particular, como reclamar sobre um determinado produto ou serviço, e até mesmo conclamar a movimentação de milhares de pessoas em torno de uma causa.
Os ingleses foram citados, como exemplo, quando estiveram reunidos em praça pública reclamando sobre as empresas que não pagavam seus impostos; tudo foi gerado pela movimentação através das redes sociais. Dada as devidas proporções, tivemos exemplo similar em São Paulo, quando estudantes do Colégio Dante Alighieri conclamaram uma manifestação contra o aumento abusivo da coxinha da cantina. Pode ser um exemplo simplório, mas o que conta é a possibilidade de reunir pessoas para reclamar por seus direitos e interesses. Mais recentemente, tivemos as sociedades árabes manifestando o desejo por mudanças em seus governos, numa busca nunca vista pela democratização dos sistemas políticos de seus países. A grande fonte catalisadora? A internet!
Estamos caminhando para um novo tipo de sociedade, para um novo modelo de negócios no qual as redes sociais lançam olhar sob a possibilidade de você comprar um determinado produto por menos da metade do preço, contanto que outras centenas de pessoas façam coro numa operação casada. No outro ponto do capitalismo está o peso da ética no tratamento com o público, desde a venda de um produto de acordo com o prometido, até a assistência técnica e pós-vendas, dando toda a seguridade desejada ao consumidor. Hoje, quando isso não ocorre, o termo “colocar a boca no trombone” ganha uma nova entonação dentro das redes sociais. Ninguém está imune.
O fato preocupante da situação é de que, enquanto a sociedade virtual caminha a passos galopantes, a maioria das empresas ainda se detém entre “estar ou não na rede”, como se fosse possível ficar isento diante de todo esse processo de transformação. Cada vez mais teremos novas plataformas de negócios sendo criadas numa velocidade-luz. Ao contrário das empresas, as pessoas estão mergulhando de cabeça na tendência do capitalismo virtual e cada vez mais deixam para trás a passividade de consumidor e telespectador das Tvs para alcançar o status de ativista e empreendedor do mundo digital. As empresas que não conseguirem ver o que virá, certamente, será uma mera peça de museu num amanhã não tão distante.

  

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aniversário de São Paulo


Todos têm uma cidade, o paulistano tem um país. São Paulo completa 457 anos, dia 25 de janeiro, com toda a complexidade que lhe é peculiar. Dona de uma população que transcende muitos países, uma área territorial igualmente imensa, e um PIB de fazer inveja. Contudo, os problemas enfrentados pela cidade também acompanham o tamanho de sua grandiosidade. As chuvas torrenciais são sempre um marco de preocupação para os moradores de todas as partes, principalmente para aqueles em bairros periféricos. E quando as cheias batem à porta, é impossível dizer que a responsabilidade pelos problemas causados é apenas da força da Natureza. Sabemos que o planejamento e a preparação para ações preditivas e preventivas deveriam ser adotadas todos os anos pelos nossos representantes políticos. Contudo, sempre deparamos com as mesmas situações, os mesmos problemas, as mesmas justificativas.
Mas dizem que a comemoração de um aniversário é para saudar o lado positivo da vida, assim também deve acontecer com a maior cidade do Brasil. Cada vez mais esse povo heterogêneo demonstra o verdadeiro valor da vida, a arte do bem viver. É aqui que as pessoas entendem na prática o conceito da moradia universal, onde todos os povos são bem-vindos e convivem de forma harmoniosa, preservando suas culturas, respeitando as alheias. Japoneses e chineses dividem o mesmo bairro; judeus, católicos, mulçumanos, evangélicos, e demais religiões, partilham das mesmas calçadas e têm seus templos respeitados em qualquer parte da cidade. A sexualidade também é fator opcional na maior metrópole brasileira, mesmo quando a ignorância assalta o bom senso de uma decadente minoria. É aqui que a noite se confunde com o dia, e os dias parecem mais longos, pois o trabalho e o lazer nunca cessam. A cultura, em São Paulo, atropela os transeuntes nas esquinas de qualquer bairro, basta ficar atento e observar; não são apenas as dezenas de teatros, os museus, as bibliotecas, os centros culturais, exposições que afloram a sensibilidade e refletem nos pensamentos e criações de diversos criadores, é um conjunto de pessoas ávidas por novos points culturais e desejosos de beber na fonte do saber.
São Paulo é assim: plural, enigmático, versátil, complexo, inexplicável. Quando chega o feriado, grande parte da população sai em busca de outros lugares para oxigenar a mente, mas o retorno é sagrado. E o paulistano, como toda família italiana, é crítica de si mesma, porém, pobre daquele que falar mal de nossa amada cidade. Não há prato culinário regional ou internacional que não possa ser encontrado e apreciado a qualquer hora do dia, é só pesquisar. A confluência cultural de diversas regiões do Brasil é uma permanente fonte alimentadora para aqueles que vieram somar e oferecer seu talento ao desenvolvimento da megalópole, e hoje fazem parte desse cenário multicultural.
Todos os dias os paulistanos redescobrem seus bairros através de comemorações peculiares à representação de migrantes e imigrantes. As festas italianas de Nossa Senhora da Achiropita, no Bexiga; a de São Vito, no Brás; as festividades religiosas; aquelas mais liberais, como a Parada Gay, na Paulista; os Carnavais de época e fora de época; os encontros regionais no Centro de Tradições Nordestina; o maior centro de negócios da América Latina, no Pavilhão de Exposição do Anhembi. Enfim, atrações para todos os gostos.
São Paulo é assim, nasceu para ser grande. Dizem até os mais entusiastas que se Deus tivesse feito praias na capital, então não seria cidade, e sim o Paraíso.