quinta-feira, 29 de maio de 2008

Líderes campeões, equipes campeãs

Suzy Fleury foi a entrevistada escolhida para abrir nosso blog, visto que tem grande representação no processo de crescimento emocional junto a clubes de futebol, seleção brasileira e empresas. É mais uma campeã no trabalho de aperfeiçoamento da comunicação.


Fotos: J. Mantovani

Dizem que vida de técnico de futebol não é moleza. É verdade, mas também é verdade que lidar com qualquer tipo de equipe, seja na área esportiva ou empresarial, não é fácil. Conversamos sobre esse e outros assuntos com a psicóloga, pós-graduada em Marketing e Propaganda e pesquisadora da Inteligência Emocional, Suzy Fleury.

Atuando em grandes clubes de futebol e na Seleção Brasileira, Suzy demonstrou que é possível conciliar talento com a administração das emoções, resultando em vitórias de partidas decisivas e muitos campeonatos.

Para a consultora empresarial e esportiva, existem variáveis controláveis e outras não-controláveis (situação econômica mundial, desastres, problemas climáticos etc.), as quais devemos aprender a lidar para poder sanar problemas e superar obstáculos rumo ao sucesso. Independente da situação, é preciso saber atuar individualmente e coletivamente. Dentro dessa proposta, a performance de uma equipe sofre variações individuais ou de grupo, por isso, é preciso saber administrar os talentos individuais e canalizar os potenciais para o bem coletivo. “Quando falamos em sucesso, o time ou a empresa deve estar em primeiro plano, pois os resultados conquistados servem de benefícios para todos”, exemplifica Suzy.

Para trabalhar o conceito de Competência Emocional numa empresa com quatro mil, ou quarenta mil funcionários, pode-se empregar a mesma conotação daquela utilizada em um time de futebol. É preciso trazer à tona quatro fatores primordiais: além do talento e gostar do que se faz; 1) ter competência técnica; 2) estratégica; 3) Física ─ qualidade de sono, boa alimentação e atividade física adequada ─ o que influencia no poder de decisão; e 4) competência emocional, que se refere as atitudes pessoais (entusiasmo, capacidade de lidar com a ansiedade e frustrações, etc.) e interpessoais (qualidade social que se exercita e se aplica no dia-a-dia). Tal desafio deve ser suplantado por empresas que pretendem ter equipes preparadas e motivadas para enfrentar mercados cada vez mais competitivos.

Segundo Suzy Fleury, é importante que as empresas possam investir nesses quesitos, pois as pessoas não foram preparadas para lidar com suas emoções. “Para que tenhamos equipes vencedoras é preciso investir na capacitação emocional desses profissionais”, diz.

Suzy Fleury chama a atenção para a importância de estarmos bem preparados emocionalmente para enfrentar os desafios em momentos de crise. Muitos são os exemplos de craques do futebol que passaram por situações denominadas de “seqüestro neural”, quando se tomam atitudes, num curto espaço de tempo, sem controle das conseqüências. “Para exemplificar, podemos lembrar do caso de Zidane, que ao ouvir sua irmã sendo xingada, teve uma regra interna violada, e descontroladamente partiu para a agressão. Tomou cartão vermelho e prejudicou a si e sua equipe”, lembra.

Questões como essa sugerem como é importante o autocontrole individual e de equipe, repercutindo no desempenho. Bons resultados só podem ser alcançados quando o grupo está em sintonia, focado no mesmo objetivo. Daí, o papel da liderança é fundamental para que os resultados aconteçam. Gerenciar pessoas, exercendo a boa comunicação, é fator estratégico para manter a unidade das equipes. Um líder deve saber influenciar seu grupo. “Essa é a essência da liderança”, frisa Suzy. Dentro do conceito, ela destaca quatro fundamentos preciosos que devem ser considerados pelos líderes: visão (saber onde e como chegar); partir da realidade (o que se tem hoje); ter coragem (enfrentar os desafios); e ética (é o que diferencia as pessoas). Com isso, é possível fazer com que sejam influenciados pela visão do líder e sintam-se motivados a alcançar tal objetivo, e, juntos, caminhem para a construção do sucesso.

Como novidade, Suzy Fleury está trabalhando a questão da Psicologia Cognitiva (pensamentos e crenças) para regular atitudes intra e interpessoal, buscando o fator regulador da forma de pensar. “Uma pessoa desmotivada é ruim, no entanto, o excesso de auto-estima também é problema. É preciso estabelecer um termo regulador. É o que determinará o sucesso pessoal, familiar, social e profissional de qualquer pessoa”, finaliza.


Suzy Fleury é autora do livro “Competência Emocional” O caminho da vitória para equipes de futebol, Editora Gente.