segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aniversário de São Paulo


Todos têm uma cidade, o paulistano tem um país. São Paulo completa 457 anos, dia 25 de janeiro, com toda a complexidade que lhe é peculiar. Dona de uma população que transcende muitos países, uma área territorial igualmente imensa, e um PIB de fazer inveja. Contudo, os problemas enfrentados pela cidade também acompanham o tamanho de sua grandiosidade. As chuvas torrenciais são sempre um marco de preocupação para os moradores de todas as partes, principalmente para aqueles em bairros periféricos. E quando as cheias batem à porta, é impossível dizer que a responsabilidade pelos problemas causados é apenas da força da Natureza. Sabemos que o planejamento e a preparação para ações preditivas e preventivas deveriam ser adotadas todos os anos pelos nossos representantes políticos. Contudo, sempre deparamos com as mesmas situações, os mesmos problemas, as mesmas justificativas.
Mas dizem que a comemoração de um aniversário é para saudar o lado positivo da vida, assim também deve acontecer com a maior cidade do Brasil. Cada vez mais esse povo heterogêneo demonstra o verdadeiro valor da vida, a arte do bem viver. É aqui que as pessoas entendem na prática o conceito da moradia universal, onde todos os povos são bem-vindos e convivem de forma harmoniosa, preservando suas culturas, respeitando as alheias. Japoneses e chineses dividem o mesmo bairro; judeus, católicos, mulçumanos, evangélicos, e demais religiões, partilham das mesmas calçadas e têm seus templos respeitados em qualquer parte da cidade. A sexualidade também é fator opcional na maior metrópole brasileira, mesmo quando a ignorância assalta o bom senso de uma decadente minoria. É aqui que a noite se confunde com o dia, e os dias parecem mais longos, pois o trabalho e o lazer nunca cessam. A cultura, em São Paulo, atropela os transeuntes nas esquinas de qualquer bairro, basta ficar atento e observar; não são apenas as dezenas de teatros, os museus, as bibliotecas, os centros culturais, exposições que afloram a sensibilidade e refletem nos pensamentos e criações de diversos criadores, é um conjunto de pessoas ávidas por novos points culturais e desejosos de beber na fonte do saber.
São Paulo é assim: plural, enigmático, versátil, complexo, inexplicável. Quando chega o feriado, grande parte da população sai em busca de outros lugares para oxigenar a mente, mas o retorno é sagrado. E o paulistano, como toda família italiana, é crítica de si mesma, porém, pobre daquele que falar mal de nossa amada cidade. Não há prato culinário regional ou internacional que não possa ser encontrado e apreciado a qualquer hora do dia, é só pesquisar. A confluência cultural de diversas regiões do Brasil é uma permanente fonte alimentadora para aqueles que vieram somar e oferecer seu talento ao desenvolvimento da megalópole, e hoje fazem parte desse cenário multicultural.
Todos os dias os paulistanos redescobrem seus bairros através de comemorações peculiares à representação de migrantes e imigrantes. As festas italianas de Nossa Senhora da Achiropita, no Bexiga; a de São Vito, no Brás; as festividades religiosas; aquelas mais liberais, como a Parada Gay, na Paulista; os Carnavais de época e fora de época; os encontros regionais no Centro de Tradições Nordestina; o maior centro de negócios da América Latina, no Pavilhão de Exposição do Anhembi. Enfim, atrações para todos os gostos.
São Paulo é assim, nasceu para ser grande. Dizem até os mais entusiastas que se Deus tivesse feito praias na capital, então não seria cidade, e sim o Paraíso.